domingo, 8 de dezembro de 2013

Abissal - Capítulo I - O Visitante


  

Capítulo I

21:00 horas em ponto, Augusto Rermini está sentado sobre sua cama, com diversos livros e apostilas. Uma caneta na orelha e outra passeando por entre os dedos da mão. Outros jovens, de dezenove anos, estão curtindo a vida. Muitos deles, são colegas de infância. Para Augusto a opção era outra e está prestes a mudar, ainda mais. Os olhos vermelhos indicam que o cansaço já havia se apoderado de sua mente e seu corpo acusa o cansaço. Já começava a olhar para o travesseiro, pensando em sua maciez, enquanto em sua mente trava uma luta ferrenha contra seu desejo de dormir. Sabe da necessidade de estudar, afinal, não fora agraciado, pela natureza, em termos de inteligência.

Escolheu a reclusão do sítio de seus tios e prepara-se para o vestibular que enfrentaria em dois dias, era um sacrifício necessário. Em um dos poucos momentos de distração, olha pela janela do quarto. Entre um gole de café e outro, num piscar de olhos, vê primeiramente um brilho e depois um som semelhante ao estalar de chicote. Subitamente surge no seu quintal, entre as árvores frutíferas, alguém. Era um corpo que se contorcia, provavelmente de dor. Imaginou que seria pela queda, esta foi sua impressão inicial.

Estava a pelo menos cinquenta ou sessenta metros. Embora a penumbra atuasse como um véu, pode perceber que vestia uma roupa, provavelmente de paraquedismo e usava uma espécie de capacete. Ainda que não entendesse o que realmente estava acontecendo, corre em socorro da pessoa. Ao chegar mais próximo, gritando, tenta um primeiro contato.

_ Ei! Tudo bem? - pergunta, já ofegante. _ Machucou-se, está feri... - estanca a corrida e quase cai, ficando estático a mais de dez metros, como um boneco de cera. Diante dele não estava uma pessoa, propriamente dita, mas “algo parecido”.
_ Estou bem, obrigado! Em que ano estou?
_ Dois mil... - ele responde, ao mesmo tempo questiona-se, do porque estaria respondendo?
_ Dois mil? Então, erramos os cálculos, esperava encontrar-me no ano de dois mil e doze.
_ Mas, estamos em dois mil e doze. Quem é você, ou, o que é você?
_ Desculpe, meu nome é Iandro e sou do ano quatro mil trezentos e vinte e sete. - uma pausa, como que avaliando as próprias palavras e conclui. _ Do planeta Terra!
_ Como é que é? - se a situação já lhe era inusitada, agora sim ficou confusa.
_ Posso lhe explicar, mas poderíamos entrar?
_ Entrar? Ah, sim, venha. - estaciona. _ Entrar? Porquê?
_ Acho que seria o mais educado a fazer, não?
_ É, tem razão, venha! - Augusto acompanha os movimentos daquela pessoa e acha muito estranho quando lhe estica a pequena mão, convidando-o a um aperto. Em seu íntimo lhe parece muito estranho, mesmo assim, sente-se compelido a manter contato.

Pode perceber que o sujeito não tem mais de metro e meio, e não fosse pela estranha roupa seria considerado um anão de capacete. Caminha lado a lado, olhando de esguelha, e sua mente insiste em achar muito estranho estar com aquela pessoa que mal conhecia, mesmo assim algo o faz achar normal. Observa que não carrega nenhuma arma, logo, se precisasse usar a força, não teria nenhum problema, era visivelmente mais forte. Já na porta, olha novamente para o quintal, imagina se não haveria mais alguém com o sujeito.

_ Fique tranquilo, estou só e não pretendo lhe fazer mal algum.
_ Como sabe que eu...
_ Acalme-se!
_ Estou calmo. - mentiu, e logo acalmou suas dúvidas. Já fechando a porta atrás de si indicou o caminho da sala, observa que o sujeito olha, com real interesse, tudo que via pela frente.
_ Interessante! Muito interessante! - diz, enquanto olha o teto e as paredes, os quadros e os móveis.
_ Acho que já pode tirar o capacete, aqui não encontrará nenhum problema. - como não obteve resposta, completa. _ E amanhã resgataremos o seu paraquedas.
_ Paraquedas? - riu abertamente.
_ Eu disse algo errado?
_ Na verdade, não ouço este termo a bastante tempo.
_ Então, como foi que caiu, ou chegou aqui?
_ Não cai! Eu escolhi este lugar e este tempo. - pausou. _ Para chegar de viagem.
_ Chegar de viagem? Este tempo? Fala do clima?
_ Mais ou menos, vamos ao que interessa.
_ Porque não tira o capacete?
_ Sim! Vou tirar o capacete, mas é preciso que tenha calma. Ok?
_ Se você tem algum defeito físico e vai se sentir constrangido, pode... - quando o capacete deslisou sobre si mesmo e desapareceu por trás da cabeça do pequeno ser, Augusto levantou-se, mas não conseguiu dar nenhum passo, algo o agarrou. Tentou gritar, mas sua boca estava impossibilitada de falar, somente murmúrios lhe escapavam. Os olhos estavam grudados naquele ser, parecido com os extraterrestres que tanto vira em filmes e documentários.
_ Por favor, tenha calma! Já lhe disse que não te farei mal algum. Tudo bem? - Augusto acenou positivamente, mas seus olhos estavam arregalados e fixos naquela pequena figura.
_ Tudo bem! - disse quase sem querer, em seguida seus braços, pernas e corpo, estavam livres, caiu sentado no sofá. _ O que é você? Quero dizer, você é um... - gaguejou.
_ Nossa! Que educação vocês recebem, neste tempo? Sou um ser humano, como você. - falou apontando para Augusto, que afundou no sofá.
_ Como pode? Como pode ser? Sua nave espacial está lá fora, caiu aqui perto?
_ Nave... espacial? Já lhe disse, sou da Terra mesmo, logo, não posso ser um extraterrestre, certo? Mas temos sim, naves espaciais e ficaria surpreso com o que será descoberto, por nós.
_ Será descoberto? Nós? Você é do futuro?
_ Sim, sou! E sim, nós, mas essa, é uma longa história.
_ Ninguém vai acreditar que estou conversando com um, quero dizer, com alguém do futuro. Posso gravar nossa conversa?
_ Gravar? De nada lhe servirá, pois dirão que você criou uma fantasia.
_ Tem razão! Posso lhe fotografar com meu celular? Ou então, filmar nossa conversa? Seria muito “massa”!
_ Massa? Desconheço o termo, mas entendo o que quer dizer.
Vamos combinar o seguinte, pode gravar, mas vamos evitar algo que possa criar mais problemas que soluções.
_ Um acontecimento como este e pede que eu não registre? Nem parece “humano”.
_ Concordei que gravasse, não concordei? - disse em tom impositivo.
_ Disse sim! - Augusto levantou-se e caminhou até o quarto, voltando segundos depois com um pequeno gravador. Antes de entrar na sala, novamente, olhou para ter certeza de que não estava sonhando. Procurando manter a calma, voltou ao sofá. _ Está bem, vou apenas gravar. Mas antes de tudo, porque está aqui.
_ Para alertar!
_ Sobre o quê? Vai acontecer algo ruim?
_ Lamento, mas estou proibido de falar sobre o assunto. - fez
uma pausa e continuou. _ Se bem que em nada vai mudar o fato de você saber algo.
_ É tão ruim assim?
_ Na verdade, até que não. Mas vamos aos fatos e acontecimentos que me trouxeram até aqui. Gostaria que não me interrompesse durante a narrativa.

Augusto se ajeitou no sofá e ligou o gravador, colocando-o sobre a mesa de centro. Ainda estava estupefato em ver aquela estranha figura, humanoide, sentada a sua frente, falando e conversando como uma pessoa comum. Embora sua inteligência o forçasse a duvidar da veracidade dos acontecimentos, sua visão não o enganava.

O relato continuou e Augusto até que tentou acompanhar, mas seu cansaço o derrubava constantemente. Cochilou e sempre que despertava, o pequeno ser estava em um lugar da sala, falando e gesticulando. Por alguns segundos conseguia acompanhar seus movimentos, mas logo caia no sono. Acabou vencido e dormiu profundamente, sonhando com fatos estranhos acontecendo.


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